Palhaç...Política!

Há tempos sugeriram-me que falasse sobre política. Pensei "ui que este moço já bebeu demais!" e respondi que o faria - também já tinha bebido demais. Nunca se devem negar pedidos a individuos embriagados, muito menos quando se trata de amigos.

Muito se poderia falar sobre política. Poderia enveredar pelo clássico enxovalho a toda a classe. "Gatunos! Bandidos! Pilantras! Palhaços! Cafagestes! Canalhas!" É um discurso bonito e relaxante, mas vulgar.

Não vou discutir a competência (ou falta dela) dos políticos que nos governam. Sendo boa ou má a governação (cada um terá a sua opinião legítima) acho que a maior parte dos portugueses depende demais dos governates e responsabiliza-os por tudo. Por aquilo que é efectivamente da responsabilidade deles, mas também do que é da responsabilidade individual. É sempre mais fácil responsabilizar os outros pelos próprios fracassos. Uma pessoa pode não ter estudado o que devia, pode não se ter esforçado o suficiente no trabalho, pode não ter formado convenientemente os filhos, pode ter usado o seu dinheiro irresponsavelmente, porque no fim, a culpa nunca é dessa pessoa, a culpa é sempre do "árbitro". Certo é que o "árbitro" terá as suas falhas. O que também é certo, na minha perspectiva, é que se passarmos o tempo a culpar o "árbitro" e por inerência a desculpabilizarmos a nossa conduta, nunca teremos o discernimento de corrigir os nossos erros e o "jogo" continuará a correr-nos mal. Outra situação interessante é muitos dizerem que com este "árbitro" mais valia não haver nenhum, mas depois, aconteça o que acontecer, vamos logo a correr pedir ajuda ao "boi preto". "Epá está a chover...sr árbitro, sr árbitro".

Penso que deveremos exigir ser bem governados pela nossa classe política, mas essa exigência deve ser acompanhada por uma exigência sobre nós. Tentar depender o menos possível do "árbitro", resolver os nossos problemas e quando o "árbitro" for chamado a intervir, aí sim, exigir dele nada menos do que exigimos a nós próprios.