Não há direito!

Cresci a sonhar ser um grande craque de futebol. Jogar com a camisola do Real Madrid, Man Utd, Barcelona, AC Milan, ou (supremo ideal de felicidade) jogar com o Manto Sagrado do Glorioso. Cresci a sonhar, igualmente, com a casa das barriguitas, mas esse consegui concretizar. Segundo percebi mais tarde, parece que é preciso ter algum jeito para a bola para jogar a esse nível. Enfim, há que aceitar e seguir em frente. Quando a esperança se tinha esfumado, sofro uma lesão no joelho e, de repente, sou um jogador da bola. Só um craque é que tem uma rotura do ligamento cruzado anterior do joelho direito e uma rotura parcial do menisco. Ao ler o relatório da ressonância magnética, até me vieram as lágrimas aos olhos. Do nada, tinha alguma coisa em comum com o Eusébio...para além da devoção ao ENORME. A acrescer a isto estou a fazer fisioterapia na clínica do SLB e quando me dirijo lá, percebo olhares curiosos de quem pensa "epá, este deve ser atleta do clube...deve ser um craque de alguma modalidade....". Que orgulho! Nem que eles pensem que pertenço à secção de dança rítmica! Desde que pensem que sou um atleta do Glorioso, por mim tudo bem. Tudo me corria às mil maravilhas, quando acontece uma catástrofe: o Mariano González teve precisamente uma rotura do ligamento cruzado anterior do joelho direito. Nunca mais me poderei gabar da lesão. Afinal, nem só os jogadores da bola têm este tipo de doi-dois...